terça-feira, 4 de novembro de 2014

Conversa crítica: Carolina Muniz

Conversa Crítica  é a  coluna em que publicamos as entrevistas e os debates produzidos  pelos alunos envolvidos no  projeto  O  petróleo na  produção de  Monteiro  Lobato. Na primeira edição, entrevistamos Rafaela  Alves, participante da  primeira fase do projeto; hoje  publicamos a  entrevista concedida por  Carolina  Muniz,  que  participou da  mesma etapa. As  perguntas  foram  elaboradas  pelas alunas Raquel Chaves e Natália Pereira. 

Você acha que Monteiro Lobato foi um dos grandes mestres na Literatura Infantil por escrever livros para crianças?
 
Monteiro Lobato, apesar de abordar de maneira inusual temas e assuntos da época, foi um grandioso mestre na Literatura Infantil. Isto se deve, sim, às suas obras destinadas às crianças, uma vez que as escrevia de modo inovador e de maneira criativa, criando livros tão informativos e sugestivos que interessavam (e interessam) a todos os públicos, não só àquele em específico.
 

Após a participação no projeto, qual sua opinião a respeito da importância de Monteiro Lobato na indústria petrolífera?

Após a leitura de suas obras voltadas para a indústria petrolífera, percebi quão grande foi a importância de Lobato para este setor. Posso dizer que Monteiro foi fundamental na divulgação da existência de petróleo em terras verde e amarela; afinal, sem suas denúncias todo o processo sofreria retardamento, tendo em vista que o escritor fazia parte de uma minoria interessada na produção de petróleo brasileiro – por brasileiros.  

Você concorda com a opinião de Lobato de que o Brasil deveria ter uma identidade própria, da maneira como o país era influenciado pelas tendências exteriores?

Concordo. Lobato, sempre ideólogo, percebeu naqueles tempos o que nós podemos ver hoje, que é um Brasil com potencial e capacidade de se assumir, de levantar sua própria bandeira, embora às vezes não o faça. 

Você acredita que Lobato estava à frente de seu tempo por ser um visionário?

Claro! Justamente por ser uma pessoa e, consequentemente, um escritor que não se prendia somente ao presente, mas enxergava avanços e melhorias para o futuro, Monteiro Lobato ajudou desde seus contemporâneos até nós, nos dias de hoje, fazendo-nos lembrar de seu importante papel na literatura, nos provando que, sim, ele estava à frente de seu tempo. 

Um grande pensamento de Monteiro foi: “Um país se faz com homens e livros.”. Como estudante atualizado e ex-participante desse projeto voltado para leitura qual sua crítica sobre essa citação? 

A citação de Monteiro possui tamanha veracidade que, independente da época em que ela seja aplicada, fará sentido. De forma bem colocada pelo escritor, não é somente com livros que se muda um país; no entanto, essa mudança é alcançada por homens, que inspirados muita das vezes em livros, desenvolvem o pensar, o olhar crítico e, por fim, suas ações. 

Recentemente houve questionamentos se Lobato era racista. Após o contato com suas obras e com o este projeto, você o consideraria racista ou não? 

Responder essa pergunta é quase tão difícil quanto responder se Capitu traiu ou não Bentinho... Bem, numa tentativa, considero que Monteiro Lobato era, sim, racista. No entanto, não deixo de levar em conta a criação que ele recebera e a sociedade em que vivia, sendo estes uns dos possíveis fatores contribuintes para tal defeito. Obviamente, nenhum fator justificaria as ações e/ou palavras discriminativas vindas de Monteiro, mas é certo que eles dariam uma “liberdade” para que o escritor se manifestasse do modo como fazia.   

Já conhecia Monteiro Lobato antes desse projeto? Se sim, qual era sua opinião a respeito dele? Você foi influenciado pelos seus livros? 

Assim como parte dos alunos que também fizeram este projeto, eu conhecia Monteiro Lobato apenas por sua autoria em Sítio do Picapau Amarelo. Para mim, Monteiro Lobato se tratava de um escritor conhecido somente por esta obra, ou seja, ignorantemente, não tinha noção de sua relevância no mundo literário. Tendo já me redimido e conhecido parte de seu acervo, posso dizer que adquiri, além do que a leitura de qualquer livro oferece, um olhar mais aprofundado sobre o mundo a minha volta, me tornando mais crítica – para não dizer mais curiosa, tal como a personagem Emília, o xodó do escritor.




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