Conversa Crítica é a coluna em que publicamos as entrevistas e os debates produzidos pelos alunos envolvidos no projeto O petróleo na produção de Monteiro Lobato. Na primeira edição, entrevistamos Rafaela Alves, participante da primeira fase do projeto; hoje publicamos a entrevista concedida por Carolina Muniz, que participou da mesma etapa. As perguntas foram elaboradas pelas alunas Raquel Chaves e Natália Pereira.
Após a
participação no projeto, qual sua opinião a respeito da importância de Monteiro
Lobato na indústria petrolífera?
Após a leitura de suas obras voltadas
para a indústria petrolífera, percebi quão grande foi a importância de Lobato
para este setor. Posso dizer que Monteiro foi fundamental na divulgação da
existência de petróleo em terras verde e amarela; afinal, sem suas denúncias
todo o processo sofreria retardamento, tendo em vista que o escritor fazia
parte de uma minoria interessada na produção de petróleo brasileiro – por
brasileiros.
Você concorda com
a opinião de Lobato de que o Brasil deveria ter uma identidade própria, da
maneira como o país era influenciado pelas tendências exteriores?
Concordo. Lobato, sempre ideólogo,
percebeu naqueles tempos o que nós podemos ver hoje, que é um Brasil com
potencial e capacidade de se assumir, de levantar sua própria bandeira, embora
às vezes não o faça.
Você acredita que Lobato estava
à frente de seu tempo por ser um visionário?
Claro! Justamente por ser uma pessoa e,
consequentemente, um escritor que não se prendia somente ao presente, mas
enxergava avanços e melhorias para o futuro, Monteiro Lobato ajudou desde seus
contemporâneos até nós, nos dias de hoje, fazendo-nos lembrar de seu importante
papel na literatura, nos provando que, sim, ele estava à frente de seu tempo.
Um grande
pensamento de Monteiro foi: “Um país se faz com homens e livros.”. Como
estudante atualizado e ex-participante desse projeto voltado para leitura qual
sua crítica sobre essa citação?
A citação de Monteiro possui tamanha
veracidade que, independente da época em que ela seja aplicada, fará sentido.
De forma bem colocada pelo escritor, não é somente com livros que se muda um
país; no entanto, essa mudança é alcançada por homens, que inspirados muita das
vezes em livros, desenvolvem o pensar, o olhar crítico e, por fim, suas ações.
Recentemente houve
questionamentos se Lobato era racista. Após o contato com suas obras e com o
este projeto, você o consideraria racista ou não?
Responder essa pergunta é quase tão
difícil quanto responder se Capitu traiu ou não Bentinho... Bem, numa
tentativa, considero que Monteiro Lobato era, sim, racista. No entanto, não
deixo de levar em conta a criação que ele recebera e a sociedade em que vivia,
sendo estes uns dos possíveis fatores contribuintes para tal defeito.
Obviamente, nenhum fator justificaria as ações e/ou palavras discriminativas
vindas de Monteiro, mas é certo que eles dariam uma “liberdade” para que o
escritor se manifestasse do modo como fazia.
Já conhecia
Monteiro Lobato antes desse projeto? Se sim, qual era sua opinião a respeito
dele? Você foi influenciado pelos seus livros?
Assim como parte dos alunos que também
fizeram este projeto, eu conhecia Monteiro Lobato apenas por sua autoria em
Sítio do Picapau Amarelo. Para mim, Monteiro Lobato se tratava de um escritor
conhecido somente por esta obra, ou seja, ignorantemente, não tinha noção de
sua relevância no mundo literário. Tendo já me redimido e conhecido parte de
seu acervo, posso dizer que adquiri, além do que a leitura de qualquer livro
oferece, um olhar mais aprofundado sobre o mundo a minha volta, me tornando
mais crítica – para não dizer mais curiosa, tal como a personagem Emília, o
xodó do escritor.
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