Muito se fala
sobre a questão do racismo por parte do escritor Monteiro Lobato por conta de
algumas frases famosas quando ele faz referência a Tia Nastácia do Sitio do
Pica Pau Amarelo. Dentre elas temos: “Tia
Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca
de carvão pelo mastro de São Pedro acima” retirada do livro “As Caçadas de Pedrinho”.
Mesmo
depois da morte de Lobato, muitas são as polêmicas sobre tal assunto. Polêmicas
essas que geraram discussão a respeito da utilização de seus livros no ensino
infanto-juvenil, pela linguagem abordada pelo autor em referência a
determinados personagens de suas histórias. Algumas medidas drásticas foram
tomadas, como a proibição do uso dos livros de Lobato nas escolas, e até mesmo
alguns de seus livros foram encontrados queimados.
Em
uma entrevista com a professora Ângela Coutinho, do Instituto Federal do Rio de
Janeiro (IFRJ), foi feita a seguinte pergunta: “Gostaríamos de saber sua opinião sobre a grande polêmica que
recentemente relacionou ao livro “As Caçadas de Pedrinho”, qual seu ponto de
vista a respeito desse assunto, e porque depois de tanto tempo, isso veio á
tona atualmente?”.
Ela, mesmo sendo de raça negra,
defende Monteiro Lobato dizendo que este “está
revelando o caráter de inferioridade dos negros” frisando que “essa era a sociedade escravista mesmo após
e principalmente após a abolição” e ainda que, “quem diz o contrário está querendo apagar a verdadeira revolução que
existe e existiu”.
Pode-se notar
então que encarar o Monteiro Lobato como racista ou não depende única e
exclusivamente daquele que está lendo, pois existem várias interpretações e
leituras distintas de uma mesma frase escrita pelo autor, onde uns podem considerar
como racista enquanto que outros não.
Ao
final de nossa conversa com a professora Ângela, podemos chegar à seguinte
conclusão dita com muita propriedade por ela mesma que “não é inteligente condenar Lobato, o que é inteligente é levantar, em
minha opinião, essas incidências, essas situações e tratar delas de frente.
Existiu sim, e perdura até hoje, não acabou. É uma aflição ate que me provem o
contrario, ouvir: “aquela pessoa deve ser uma empregada, ou uma babá”. O
fenótipo leva a essa visão histórica, “se é homem pode ate ser ladrão”. [...] O
Brasil não é um país de todos, é um país que tem muitas desigualdades
sociais...”.
Então
é isso, racista ou não racista, não podemos desprezar o talento de Lobato como
escritor. Fica a critério de cada um decidir o que pensa a respeito do assunto
como também respeitar as escolhas das demais pessoas.
A
equipe do Lobatize! agradece a
participação da professora Ângela e a cada leitor.
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